terça-feira, 13 de abril de 2010

Ainda


Ainda desejo a possessividade do tempo nas minhas mãos. Ainda desejo ser dona dele para não deixar que mais ninguém lhe toque. Ainda desejo aqueles dias de praia e de sol enternecedor, aquela areia quente e salgada a colar-se na pele. Ainda desejo acordar e não ter de lamber as feridas com sabor a mar que tanto sangue já me fizeram perder. Ainda desejo que tudo isto seja uma falta de reconhecimento, um erro meu de não discernir o sonho da vígilia, desejo que esteja agora a dormir e que este texto não seja mais de que um mero delírio. Se o não for, é porque os arranhões que vejo ao espelho, espalhados por todo o meu corpo são mesmo o fruto dos nosso actos irresponsáveis e inimagináveis que temos vindo a cometer desde que tudo se quebrou entre nós. Para além disto, ainda desejo perdidamente conseguir perdoar-te com todas as minhas forças, mas não consigo e exijo igualmente um teu perdoar por te guardar estes pequenos apontamentos rancorosos e de ódio, que são tão feios e vergonhosos, que me fazem tapar a cara quando passo por ti, fugir dos teus lugares e esconder-me dos teus massacres. Ainda desejo trocar o amor que se foi por um amor renovado por ambos e repensado nos menores dos detalhes. Ainda sonho com os meus próprios sonhos entre mim e ti que de realidade passaram para tristeza e de tristeza se tranformaram em vingança. Ainda desejo muito mostrar-te que consigo subir os rochedos mais altos sem que me dês a mão, que sou capaz de passar notavelmente nas provas mais difíceis sem ter de olhar para o teu formulário.
Mais importante de tudo é que ainda desejo mostrar-te o quanto te conheço e o quanto esse conhecimento não se perdeu na superioridade dos meses e na vastidão da distância e do sentimento que nos aparta.

4 comentários:

  1. sendo este texto para alguém, não vejo apontamento a fazer-lhe :)
    e não, não me esqueci do teu blog joana.
    só não tenho tido tempo nem cabeça para escrever alguma coisa .

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  2. o texto sinceramente nao é para ninguem em particular, é só um texto, nao passa disso.
    nao tem mal, tambem nao pode ser sempre ;)

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  3. Discordo Joana. O texto é para todos aqueles que se identificarem com ele, e eu sou uma delas ;)

    Tão bonito +.+

    :)

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  4. exacto, é para todos que se identificarem com ele, claro :p
    mas não foi escrito a pensar em ninguem, era isso que queria dizer :)
    obrigadaaa *

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