sábado, 3 de abril de 2010

Esperar

Agora vim até aqui escrever um bocado. Daqui a cinco minutos vou estar deitada na cama, a pensar em ti. E tenho a certeza de que ainda iria a tempo de vestir-me decentemente, colocar o imprescindível na mala, pôr o habitual eyeliner e o meu típico rímel, pegar nas chaves de casa e no telemóvel, sair pelo portão desenfreadamente e ir ao teu encontro. Podia, claro que podia. Podia entrar em tua casa, levar-te até ao teu quarto, encostar-te contra a parede, rasgar-te a roupa, juntar o meu corpo ao teu como se não houvesse amanhã. Podia, claro que podia. Podia ficar abraçada a ti toda a noite, podia encher-te de beijos e mexer-te no cabelo, podia ouvir os teus sussurros ao meu ouvido, e as tuas promessas apaixonadas, podia passar o resto da semana ao teu lado. Podia, mas não o faço. Vou ficar aqui deitada, com a certeza de que tu também estás aí deitado, com a certeza de que o que sentes por mim é uma cópia fiel do que sinto por ti. Sei que o teu desejo e tua busca inconstante têm razão em mim, assim como o meu desejo se baseia unicamente em ti, isso tranquiliza-me.
E sei que depois de tudo, sentir este desejo e protegê-lo sem o saciar durante algum tempo não nos fará nada mal. Vamos esperar?

1 comentário:

  1. Li este texto inúmeras vezes, e cada vez mostrava mais a beleza dele :3

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