terça-feira, 19 de julho de 2011
Trabalho
Tenho mais almas que uma
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Que nada nos limite, que nada nos defina
terça-feira, 29 de março de 2011
Rir
Prémios
domingo, 27 de março de 2011
Respiro o teu corpo
quarta-feira, 23 de março de 2011
Portugalite
terça-feira, 22 de março de 2011
Sons
A apreciação da música é uma experiência mais solitária e privada do que a apreciação da pintura ou da literatura. Ouvir música é mais como sonhar; a nossa actividade imaginativa é largamente solitária. Tu e eu ficcionalmente.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Quem não Dava a Vida por um Amor?
domingo, 13 de março de 2011
Banalizações
sexta-feira, 11 de março de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Revoluções
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
São Ideias
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Uma mulher se despir emocionalmente
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Indiferença
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Dia dos Namorados
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Quem se Interessa pela Cultura?
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Autocarros vs. Palácios
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
A libertação da literatura
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Elogio ao amor
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Teorias
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Dar? É um prazer!
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Perdoar sem Agravar
Schiele
"I do not deny that I have made drawings and watercolors of an erotic nature. But they are always works of art. Are there no artists who have done erotic pictures?"
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Sem saber
Podes vir deitar-te ao meu lado e aconchegar-me com o cobertor azul-bebé, ou então podes acordar-me de manhã e acariciar-me o rosto como se da tua própria pele se tratasse. Podes vir sentar-te comigo na lua e no fim, podemos nem dormir, de tão atentos que vamos ficar a observar-nos mutuamente. Podes fazer de mim a tua deusa e pintar-me tal e qual como não sou no real só para o ser nos teus sonhos. Podes vestir a camisola que te dei e fazer dela uma segunda pele. Acredita que podes fazer de tudo.
E eu nem sequer preciso de te ver para te sentir, porque o sentimento cega, ensurdece e pára tudo em nosso redor somente porque não estamos juntos. Até os ponteiros do relógio de parede da sala parecem adivinhar quando tu vais, quando eu vou, e param… param até tu voltares e até me veres de novo, como se nunca nada se tivesse passado na tua ausência. Imagina que até o relógio se suspende no fio da eternidade por tu não estares ao meu lado. E quando estás ele queixa-se com o seu tic-tac, porque sabe que enquanto estás está preso àquele sonoro e àquele balançar. Um dia abro o vidro do relógio e tiro os ponteiros. Eles ficam livres e nós cometemos finalmente a loucura de esquecer que o tempo realmente existe…
Se não fizer isso rápido, quando tu partires para sempre, os ponteiros também vão sumir contigo. Não te apresses, não corras, não partas nenhum vidro, não te exaltes com o chuva lá fora e vai em pontas para eu não sentir o mínimo incómodo. Quando saíres, por favor, não batas a porta, deixa-a encostada, e todos os dias à noite, não a chegues sequer a fechar, porque assim, quando precisares de a abrir, eu não vou ter de ouvir a maçaneta rodar.
Não te peço que me tragas um ramo de rosas uma vez por mês, muito menos o pequeno-almoço requintado. Não quero nenhuma mala nova nem nenhuma mensagem romântica.
Quando saíres, apaga todas as luzes, bem devagarinho, para eu não ter de ver a tua sombra escapar-se para o não sei onde e não sei porquê. Perder alguém sem saber é melhor do que perder e permitir, e como em mim não há nada que possa interpelar nas tuas decisões, teria de te deixar ir com o vento, como uma senhora de classe que perde o chapéu enquanto passeia à beira-mar.
Sempre te imaginei a sair da minha vida assim. Sem saber nem entender o porquê, saindo só, como um espírito inconformado e incongruente que não sabe para onde vai, mas que ainda assim, prefere ir. O segredo do nosso amor sempre foi eu aceitar essa tua ligeireza de ideias, mesmo sem perceber. Portanto, quando partires deixa a virtude do segredo e o raio de luz que nos iluminava permanecer na minha memória, até que ele se desvaneça sem eu dar conta.
Enquanto não esquecer, a porta do quarto continua aberta durante a noite.
Antevisões
O fruto proibido é o mais apetecido. Quem brinca com o fogo, queima-se. Quem desdenha quer comprar. Não deixes para amanhã aquilo que podes fazer hoje. Grão a grão, enche a galinha o papo. À noite, todos os gatos são pardos.
Os inevitáveis ditados diários que nos criam ou estereótipos ou brutas contradições mentais. Só existem para nos criarem ideias que se adequam à sociedade em que vivemos, nada mais. Só existem para fazerem de nós iguais uns aos outros, psicologicamente.
No entanto, ditados como estes vêm tirar a graciosidade que a vida nos releva de vez em quando, às vezes, ou até, sempre. O poder e a curiosidade da vida são o mistério e a contradição que ela nos traz.
Não digam que não, porque a verdade é que a vida é bela. É bela porque tem passado, presente e futuro. Tem passado que nos assombra e nos faz temer o presente, presente este que tem sempre um dom de ambiguidade, impulsividade e erro. Por fim, a vida tem o milagroso futuro, que, apesar do medo do passado e das sombras que ele acarreta, o futuro transporta o mistério do desconhecido, do improvável, do imprevisível, daquilo que não pode ser previsto e dado como certo, somente como possível. E como o futuro é inseguro, ele amarra cada pessoa à sua própria vida, só porque cada ser tem a curiosidade para conhecer aquilo que a entidade divina, quer exista quer não, tem para lhe mostrar.
O que para cada um de nós está intimamente reservado, é por nós já conhecido, e como tal, evitamos confrontá-lo, em busca de um milagre que altere aquilo que nós próprios somos capazes de profetizar.