domingo, 13 de março de 2011

Banalizações


Deixamos de estar num estado de manutenção e de prevenção, para sermos automaticamente recambiados para um estado de alerta, onde o ínfimo movimento transtorna uma maioria. Todavia, mais do que nunca, vive-se das minorias, e do medo que elas trazem aos grandes grupos. Seja o que for que lhe chamem, tudo se baseia nas raízes íngremes, intrínsecas do medo. As minorias populacionais fazem a sociedade, os preconceitos, os estereótipos, as agressões, as leis, os aumentos de impostos, os cortes nas pensões e, até, as medidas de austeridade. Mas são igualmente as minorias a irem para a rua, e o medo que se tem delas é fácil de entender: é o medo de deixarem de o ser. Clara e subitamente uma minoria passa ao seu oposto. A receita subsiste numas pitadas de coragem, alguma sorte com a divulgação, três colheres de motivação e quatro de união. Tudo bem agitado e colocado numa boa panela, a refeição ideal para aqueles que vêem as suas perspectivas de vida cada vez mais estreitadas por normas que não tiveram culpa de serem tomadas.
Mas este estado de alerta é tão fatal como impensável. Era-nos imprescindível continuar a viver naquele nosso ordinário estado de prevenção. Era preciso não ir na enxurrada do colectivismo para não morrer afogado nas ideologias que nos foram ministradas involuntariamente. Resistir às estrondosas e ridiculamente ridículas pressões políticas, efectuar a distinção magnífica entre o homem artista e o homem das massas, que perde as suas metas por se afundar demasiado noutras que não as suas. Tornou-se fatal o caminho penoso para a qualidade de vida das classes baixas, embora seja humanista aquele que o tomem, porém, é analogamente humano, mais, possivelmente, que se combata para que a condição mais sagrada do homem dê passos gigantescos na sua vanguarda, libertando-se das massas satisfeitas com a assistência médica e cobertura da imprensa. Em pouco tempo vamos poder observar essas massas felizes com as coisas triviais, completamente aliviadas do sentido de expressão pelo qual seriam inicialmente dominadas: essas populações em modo standard que perdem o sentir e que passam a ser unicamente tactuais naquilo que fazem, sem quaisquer momentos de sublimação, intimidade, ou consumação das suas aspirações, sem que as palavras sejam articuladas e os gestos passem a ser condições suficientes. Querem que voltemos ao plano dos símios, dos primatas, desde que não evoluamos. No fim de contas, nós não somos bonecos, nem marionetas que balançam ao som e ao ritmo dos governadores. A tragédia é a banalização. A tragédia é uma democracia de poder mais parlamentar do que populacional.

3 comentários:

  1. Olá Joana
    Viemos conhecer seu blog achamos seu trabalho maravilhoso parabéns!Já estamos seguindo seu blog!
    Venha conhecer nosso blog!
    Beijinhos
    Glorinha Rinaldi
    Designer de Joias
    htpp://sbrincos.blogspot.com

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