Trabalhos. Trabalhos simples, trabalhos árduos, trabalhos aborrecidos, trabalhos fascinantes ou ridículos, trabalhos que cansam e trabalhos que deixam a desejar, ou que são desejados. Trabalhos.
Sejam eles quais forem, não são mais trabalhos que singelas preparações, pois a mais complexa e exacerbada tarefa talvez seja a de amar a outro o quanto nos amamos a nós. É necessária não só dedicação como também ambição e prazer no trabalho que se impõe, coragem, na sua forma mais ampla e mais sintética, para uma actividade que pode ser tão estranha e tão inexplicável que possivelmente podemos até nem chegar a encontrar.
Deixar-se amar também não é linear ou puritano. Deixar-se amar é deixar-se consumir numa chama infinita; amar é fazer-se incendiar a si próprio numa luz perene. Um é completar o outro, é fazer ver duas solidões juntas para que deixem de o ser.